Valhalla

Ralph declina educadamente a bebida:

-Estou satisfeito, obrigado. Retornei recentemente a Belo Horizonte e confesso estar perplexo com os acontecimentos "incomuns" que vem ocorrendo na cidade. Neculai ainda não foi encontrado, uma cabeça no elísio, o Sabbá cada vez mais forte... Enfim. Mas suponho que não me procurou para discutirmos sobre a minha inteiração acerca do principado.

Ralph se acomoda na cadeira, escorando seu corpo.

Guto deixa seu tablet sobre o balcão do bar, de onde é retirado e guardado pelo barman. Ele pega duas tulipas de chopp e serve com cerveja. Depois vai até a mesa onde Miah se sentou, entrega-lhe uma das tulipas e diz:

"Tava pensando nas vantagens que podemos ter em relação aos putos da sabá e lembrei de você. Pelo que me lembro, você tem certa influência entre as autoridades mortais, não é? Nossa vantagem em relação a eles é a quantidade de mortais que podemos mandar fuder com eles durante o dia, né? Essa merda de cidade é nossa há muito tempo, caralho, claro que temos mais agentes mortais por aqui que eles. Podemos dar um jeito de colocar esses merdas procurando por eles de dia, quando eles estão mais fudidos. Você tem pessoal pra mobilizar assim?"

Guto dá um gole na cerveja e continua:

"Quero sua opinião em outra coisa também, Miah. Mas isso é menos importante. Quero sua opinião em assuntos 'gastronômicos', se é que posso chamar assim. Preciso de alguém com um puta bom gosto pra me ajudar a selecionar umas Dolls novas. Aí pensei: 'aquela vadia parece ter bom gosto...' Será que cê pode me dar uma consultoria nessas merdas?"

- Eu posso tentar, mas enviar forças-tarefa sem saber o local exato seria perda de tempo. Aliás, mandá-los sem saber a localização exata de seus refúgios vai permitir com que eles saibam que estamos procurando e se esconderem mais ainda...

No tom de suas palavras, ela deixa a clara intenção de que gostaria de saber algum local específico que Guto por acaso soubesse.

- Posso escolhê-las pelo meu bom gosto em moda, somente. Talvez Lara possa lhe ajudar com isso melhor que eu...

Ralph sorri e se inclina levemente, mexendo no celular:

-Soube o que aconteceu com meu antecessor, aliás as coisas estão muito caóticas nessa cidade. Não acho que seja possível fragilizar mais ainda o principado, afinal, nem o elísio está seguro ultimamente, não é mesmo? Posso ser um alvo em potencial...

Ralph toma um ar sarcástico:

-... assim como qualquer um de nós. Fico lisonjeado com sua preocupação com minha integridade, e saiba que me preocupo com a sua...

Ralph se levanta deixando 100 reais na mesa:

-...afinal, o sabbá não segue um padrão exato.

Com um sorriso:

-No que diz respeito aos Ventrue, já tenho a solução. Obrigado pela companhia agradável! Nos vemos no elísio!

Guto escuta Miah, abaixa a cabeça, toma um gole longo de cerveja e a encara por detrás de seus óculos escuros:

"Puta que pariu, mulher! Eu tenho que pensar em tudo aqui? Tem certeza que a Ventrue quer deixar o Brujah pensar? Não quero que você mande a porra dos mortais pra morrerem à toa. Tô te falando pra usar sua influência com inteligência, caralho! Procurar os rastros do povo: contas de luz e água, aumento da criminalidade, pessoas desaparecidas. Tanto o Sabá quanto os Baali precisam se alimentar e de um lugar para se esconder de dia. Provavelmente os putos não devem tá nem fudendo se matam ou não, né? Então, ou temos um aumento de desaparecidos ou um monte de cadáveres sem sangue. Além disso, devem ter tido chamadas para a polícia, bombeiros ou algo assim de ocorrências estranhas, barulhos altos à noite, sei lá. Procurar os rastros e não sair por aí fazendo merda em tudo que é canto..."

O olhar de Miah volta-se para Bispo.

- Então, o que soube sobre os acontecimentos envolvendo Artur? Qualquer nova informação pode ser válida...

Após, olha para Guto.

- Veja bem, "Guto"... Esse trabalho é do Xerife. Não acha?

Gabriel recebe Bispo com um sorriso discreto e o cumprimenta e quando iria responde-lo é interrompido pelo mesmo

-Perfeitamente meu caro

Guto abaixa a cabeça, toma um gole de cerveja, olha para Miah e diz:

"Claro que é, porra! Mas o filho da puta é a bosta de uma estátua! Por que nós ainda não temos informação nenhuma? Por que merda nenhuma foi feita? Por que ainda não mandamos os escrotos do Sabá embora de BH? O Xerife deveria ser um cara esperto, um investigador, não a porra de um pau-mandado que só sabe seguir ordens! Esses últimos tempos estão em fazendo achar que a Camarilla em BH realmente não funciona. Talvez seja necessária uma mudança radical nessa merda aqui. O Sabá já matou, pelo menos, a porra um ancião da cidade e nenhum dos putos foi pego até agora! Será que a Camarilla é tão incompetente assim? Tão metendo de com força na nossa bunda e ninguém tá nem aí? Que porra tá acontecendo aqui?"

Enquanto fala, Guto mantém seu tom de voz controlado, sem gritar ou se exaltar, mas é perceptível que ele está se esforçando para manter-se calmo.

Miah, como de costume, simula um suspiro, indicando estar estupefata.

- Ok, Guto. Vou ver o que posso fazer. Mas não prometo nada!

Miah olha o celular e volta-se para Bispo:

- Preciso de uma cópia disso.

Guto se volta a Bispo, após sua intromissão:

"Bispo, o que importa é que sua mãe gosta. Ontem ela pedia pra eu fazer isso o tempo todo. A mulher não queria me deixar parar..."

Guto dá um sorriso bem humorado para Bispo e continua:

"E concordo que a culpa não é da organização da Camarilla, mas da falta dela. Porra! Muitos de nós são do caralho, cheios de recurso, se tivéssemos somando nossos esforços antes, já teríamos dado um jeito nos merdas do Sabá e nos filha da puta dos Baali."

Depois se volta para Miah:

"E você vadia, tem que prometer nada pra mim, não. Seu cu que tá na reta. Se cê não fizer nada, cê que vai sair arregaçada. Mas se coordenarmos nossos esforços, é a gente que arregaça com eles. Se eles tão enchendo o saco na nossa cidade, a gente tem que mostrar pra eles que o nosso é maior e que se ainda assim eles mexem com a gente, vai doer bastante quando a gente entrar."

Ele bebe mais um gole de cerveja e espera a resposta dos outros.

O sobrolho de Miah treme teatralmente e ela fecha os olhos.

- Tem razão, Brujah. Obrigada, Bispo. Obrigada, Guto. Nos vemos.

e saiu

Neste fim de semana, o Valhalla apresenta uma noite temática especial, com shows das bandas brasileiras Tuatha de Danann e Hugin Munin. O bar está servindo rodadas duplas (pague 1 leve 2) de hidromel e chopp em copos no formato de chifres. À meia noite, haverá uma competição de chopp em metro e o vencedor levará uma cortesia em um luxuoso motel de Belo Horizonte e, ao longo de toda a noite, de hora em hora, acontecerão mini disputas, com o vencedor ganhando uma dose de hidromel.

Guto se encontra na parte reservada à Família, sentado numa mesa próximo ao espelho que permita a visão do salão da boate, bebendo sua cerveja de sangue e observando os mortais no nível inferior. Alguns Dolls circulam pelo salão esperando pelos clientes e o barman "lustra" copos com um pano detrás do balcão.

Gabriel adentra perpassando o olhar pelo estabelecimento para se sentar proximo ao balcão e pedir algo ao barman, aproveita e acena para Guto e Bispo...

Guto cumprimenta os recém-chegados e chama um Doll, um rapaz forte e bonito, e pede que ele sirva uma dose de cerveja de sangue para Bispo e Gabriel, por conta da casa. Depois que ambos estão servidos, Guto diz a Bispo:

"Parece que todos os porras se enfiaram em buracos mesmo. Cê não recebeu mais notícias, provavelmente porque não tem merda nenhuma pra te dizer... Apesar de que, quem ia se incomodar de contar alguma coisa pra uma pessoa importante que nem você?"